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Dar à luz é um momento de provação e de afirmação – e mais ainda de ativismo!

(LEIA COM ATENÇÃO: se você optou por cesárea, com toda informação disponível, esse post não é para você. Reconheço o direito à autonomia da mulher. Esse post se trata dos casos onde a mulher é induzida a achar que quer uma cirurgia, ou que precisa muito dela, sem real indicação. Para saber os motivos reais de realizar a cirurgia, leia o artigo sobre indicações reais e fictícias, escrito pela Doutora Melania Amorim, aqui. E, por favor, não caia no engodo de que nós, ativistas, consideramos quem teve uma cirurgia "menas main". Isso é invenção de quem quer colocar mulheres contra mulheres, para se dar bem).

Voltou a circular um texto, do ano passado, super pesado diminuindo (mais ainda) as mulheres que queiram dar à luz, verdadeiramente. O texto começa dizendo que o momento do parto nada tem a ver com heroísmo ou sentir-se poderosa. Esse é facinho de desconstruir. Num sistema obstétrico onde mais de 80% dos nascimentos pela rede privada são via cirurgia, e na rede pública são aproximadamente 50%, transformando o Brasil no líder mundial de cesáreas, muito acima da recomendação de 15% da OMS, conseguir ter um parto vaginal é sim um ato de heroísmo e de poder, afinal, quem não se sente poderoso ou vitorioso após ganhar uma batalha onde as chances a seu favor (ou seja, a chance de se conseguir um parto) é muito menor do que de ser operada?

E, como disse uma querida amiga, obstetra humanizada, parteira de coração e alma: como podem não se importar com a alegria de uma mulher e seus familiares quando seu bebê nasce de forma respeitosa? Pois é, esse sorriso, esse "eu consegui", vale muito!

(Ariane Allgayer e Lucas Herbert Jones parindo Henry, sob os olhos da EO Cintia Senger. Parto Domiciliar Planejado - Porto Alegre, RS) .



Fora isso, é heróico sim sobreviver, já que de acordo com o Ministério da Saúde, as principais causas das mortes maternas são: hipertensão, hemorragias, infecções, problemas circulatórios e o aborto. As quatro primeiras complicações, segundo especialistas, estariam relacionadas com o procedimento cirúrgico da cesárea. Se o índice de cirurgias tivesse permanecido em 38%, padrão identificado no ano 2000, o número de mortes maternas nos partos seria 20% menor, projeta Cesar Victora, professor da Universidade Federal de Pelotas (RS), baseado em um estudo da OMS. “A cesariana é um procedimento importantíssimo, mas que foi banalizado no Brasil, e seu uso desnecessário traz riscos à saúde da mulher, como hemorragias e infecções, afirma.


(GO Bernadette Bousada, apenas observando a evolução do trabalho de parto de Maíra Suarez, que pariu Gael pélvico, há 2 anos, numa maternidade privada do Rio de Janeiro)


Disseram por aí que engravidar e dar à luz deveria ser simples e seguro. Olha, engravidar eu até achei bem simples e gostoso (rsrsrs), mas para muita gente não é. Sobre segurança, podemos falar de pré-natal mal feito, de mulheres mal orientadas e relembrá-la dessas mortes maternas associadas às cirurgias. Ah, também preciso esclarecer a você o conceito de dar à luz: “o "a" é craseado porque introduz o objeto indireto representado por substantivo feminino ("luz"). Não se trata, portanto, de dar a luz ao filho. A mãe dá o filho à luz, ou seja, ao mundo, à vida”. Vou grafar de novo: A MÃE DÁ A LUZ AO FILHO. Ou seja, no momento que o bebê sai de sua mãe, pela vagina ou barriga, ela o deu à luz. Via de parto não é mãezímetro e o discurso de que cesárea não é parto e sim cirurgia de extração fetal não acrescenta em nada na luta pelo aumento de partos normais e pela assistência humanizada.


(Isabela Niemeyer parindo Alice, em sua casa, sob o olhar atento da EO Zeza Jones e apoio da doula Janaína de Paula Farias - Parto Domiciliar Planejado, Porto Alegre, RS)


Então tá, a OMS (1996) recomenda uma taxa de 15% de nascimentos por via cirúrgica e já deixamos claro os riscos desse procedimento para as mulheres. E para os bebês, que nascem fora de época? É preciso que todos saibam o conceito de iatrogenia, mas Tavares (2007) relaciona aos danos materiais (uso de medicamentos, cirurgias desnecessárias, mutilações, etc.) e psicológicos (psicoiatrogenia – o comportamento, as atitudes, a palavra) causados ao paciente não só pelo médico como também por sua equipe (enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e demais profissionais). Assim, retirar um bebê fora do trabalho de parto e salvo reais indicações de interrupção da gestação, é uma iatrogenia, afinal uma das principais causas de morbimortalidade perinatal é a síndrome da angústia respiratória do recém-nascido, associada à prematuridade.


Fetos com 37 a 38 semanas de gestação, quando comparados a fetos de 39 a 40 semanas, possuem 120 vezes mais chances de necessitarem suporte ventilatório. Assim, o nascimento antes de 39 semanas deve ser realizado somente por fortes razões médicas (Martins-Costa et al, 2002 apud Manual de Atenção à Saúde ANS). Esses bebês, muitas vezes, precisam de UTI, não mantém aleitamento na primeira hora ou ainda por dias/semanas e todos os prejuízos que isso acarretam ao desenvolvimento, haja visto recente estudo de Victora e colaboradores (2016). Acho que, ante às evidências citadas, ficou claro a relação sobre empoderamento e heroísmo no ato de parir, afinal temos que ser "doutoras" para podermos nos precaver de cairmos numa cirurgia desnecessária, com riscos importantes maternos e fetais.


(Juliana Ferraz, que teve diabetes gestacional e mesmo assim não foi operada sem necessidade, sendo assistida pelo GO Bráulio Zorzella, no Hospital Modelo de Sorocaba, SP)


Sobre querer dizer que “animais irracionais e formas de vida menos complexas” são aquelas que ainda parem por via vaginal, eu apenas vejo uma desatualização absurda nos conceitos de biologia. Primeiro, formas menos complexas são aquelas associadas à reprodução assexuada, portanto não há parto, existe apenas a divisão celular. Se racionalidade ou inteligência são atos dotados de tomadas de decisões ou pensamentos lógicos, muitos outros animais também são racionais, principalmente os mamíferos. Diversos experimentos demonstraram que cães e gatos dissimulam, que primatas tem linguagem elaborada e que golfinhos são excelentes em decisões lógicas, ou seja, os homens não são os únicos seres dotados de raciocínio lógico da face da Terra, ou seja, bicho pari, e como bichos que somos (afinal, estamos ainda dentro do Reino Animal), deveríamos parir.


Eu concordo que o desafio da maternidade não é SOMENTE dar à luz, que é um comprometimento para toda a vida, mas como ela, a maternidade, começa com o nascimento, é o primeiro desafio sim que temos que vencer, afinal, como a pesquisa Nascer no Brasil demonstrou após entrevistar 23.894 mulheres em 266 hospitais de médio e grande porte, localizados em 191 municípios brasileiros em 2011, que 72% queriam parto normal logo que engravidaram, mas os bebês nasceram por cesárea em 52% dos casos, ou seja: a maioria nem venceu esse primeiro desafio!


(Bianca Balassiano Najn "pescando" Bernardo com a ajudinha da obstetriz Maíra Libertad Takemoto, parto domiciliar planejado, no Rio de Janeiro, RJ)

O parto é o que a família deveria gostar que fosse. Quer que seja um evento social, com a presença dos irmãos mais velhos e das avós? Tudo bem, ué. A decisão é da família, e não é um médico ou ninguém que deveria definir o que é melhor pro outro. E dizer que uma mulher que quer sentir dor precisa de terapia, pode ser usado como argumento contra essa mesma afirmação, afinal, como mulher que pariu dois e que sentiu dor (sim, doeu, ué?) nas horas do trabalho de parto, posso afirmar que assim que meus bebês estavam no colo, eu não senti mais nada e nem tomei nada, além de água, sucos e banho, enquanto todas as mulheres que tiveram cesáreas e que atendi nos pós-parto imediato, como consultora em amamentação, tomavam muitos medicamentos para a dor e se sentiam extremamente mal. Então, quer dizer que quem opta por cesárea, opta por essa dor também? E essa dor de pós-operatório não precisa de terapia? O que acontece é que nos têm sido vendido que parir dói muito e cirurgia não dói. Ambos doem, mas certamente dores diferentes, da mesma forma que entendo, de coração, mulheres que tiveram partos extremamente violentos e que optam pela cirurgia num outro filho. Ou seja, associar querer um parto normal a gostar de dor e que isso precise de terapia é, no mínimo, grosseiro e equivocado.


E olha, é difícil mesmo argumentar com comentários machistas que afirmam que a mulher que não consegue se relacionar com o marido ou consigo por causa de uma cicatriz é alguém com valores deturpados, como vemos alguns cesaristas dizendo nas entrelinhas. Primeiro: não existem apenas relações heterossexuais, ok? Essa mulher pode não conseguir se relacionar com a companheira. E se ela sente dor, física ou emocional, como vai se relacionar? Deveria ter relações para “segurar” marido? E se ela está se sentindo violada, por um parto roubado, ela não tem direito de viver um luto? E a dor da cirurgia, tão minimizada aqui, não pode ser levada em consideração para a mulher não querer ter relações ou isso só vale para a "ditadura do parto normal"? Não vale a pena me alongar em argumentos com quem é machista e não respeita a dor emocional dos outros, contrariando o próprio juramento que fez.


O foco do nascimento é o próprio nascimento sim e já ficou explicado como tirar um feto do útero sem real indicação é uma iatrogenia e prejudica o bebê, em quem ela tanto quer focar. Toda mãe sim quer o melhor para o seu filho e ela só conseguira dar o melhor, e fazer escolhas boas, tendo acesso à informação para poder decidir conscientemente. Afirmar que é egoísta buscar uma nova forma de nascer e que é uma ideologia é apenas um jeito de dizer que toda mulher é um ser incapaz e irracional, pelo visto. E não, pré-natal e partos de baixo risco não são exclusividade médica e deve ser sofrido ver o status quo do modelo medicalocêntrico despencar.

(Cris B. Machado parindo a Júlia, num parto hospitalar humanizado, sem nenhuma intervenção, apenas a GO Karla Brouwers aparando a bebê, em Porto Alegre, RS)


Nas Diretrizes Nacionais para atendimento ao Parto Normal está escrito que “a assistência ao parto e nascimento de baixo risco que se mantenha dentro dos limites da normalidade pode ser realizada tanto por médico obstetra quanto por enfermeira obstétrica e obstetriz. É recomendado que os gestores de saúde proporcionem condições para a implementação do modelo de assistência que inclua a enfermeira obstétrica e obstetriz na assistência ao parto de baixo risco, por apresentar vantagens em relação à redução de intervenções e maior satisfação das mulheres.” Contra fatos não há argumentos, diz o ditado.


Assim, o parto não é um evento médico em gestações de baixo risco. Aceitemos que provavelmente uma mulher com gestação de baixo risco será muito melhor atendida por uma enfermeira obstetra ou obstetriz do que por você, doutor. Aliás, todo mundo deveria ler as diretrizes, principalmente as páginas 29-31, mas eu copio um trecho pra vocês: “Mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às informações baseadas em evidências e serem incluídas na tomada de decisões. Para isso, os profissionais que as atendam deverão estabelecer uma relação de intimidade com estas, perguntando-lhes sobre seus desejos e expectativas. Os profissionais devem estar conscientes da importância de sua atitude, do tom de voz e das próprias palavras usadas, bem como a forma como os cuidados são prestados”. Ou seja, devemos atender os anseios da mulher, dentro do que é possível no atendimento de baixo risco.

E eu sei que os profissionais que fazem apologia contra o modelo de assistência humanizada ao parto sabem verdadeiramente o que ela é: respeitar a mulher, basicamente. E sei que quando se diz que no parto natural não precisam de recursos técnicos, querem atingir os profissionais que atendem partos domiciliares planejados ou uma forma de atuar infinitamente menos intervencionista, dentro dos hospitais. E espero que saibam que estes profissionais usam de recursos e tecnologia sim. E se você não sabe, eu me preocupo, porque significa que você um profissional desatualizado, afinal até o Ministério da Saúde tem divulgados iniciativas de humanização do nascimento! Seu medo de se informar é de perceber que tem feito coisas desnecessárias? De rever seu atendimento? Se não é isso, leia tudo que puder e argumente melhor, baseado em evidências.



Sobre segurança no parto ser sinônimo de parto hospitalar, veja bem: no Brasil, apenas 2% dos partos ocorrem em casa, portanto vamos melhorar os índices de morte materna, afinal a maioria ocorre em hospitais? Mas, vamos aos números obtidos num estudo feito com uma amostra de 13 mil nascimentos. Destes, a taxa de mortalidade por 1.000 nascimentos foi de:

0,35 no grupo de parto domiciliar,

0,57 em partos hospitalares assistidos por parteiras, e

0,64 entre aqueles com a presença de médicos, de acordo com o estudo.

(Renata De Sá Juglair pariu em sua casa, com a presença do marido, do GO Pablo de Queiroz e da doula Cris Da Ros, mostrando que parto é assim, sangue, suor e sorrisos de alegria, em Florianópolis, SC)



Assim, alguns estudos demonstram que um modelo de cuidado com parteiras associa-se com vários benefícios para mães e bebês, sem efeitos adversos identificáveis. Os principais benefícios são "redução de analgesia de parto, menor número de episiotomias e partos instrumentais, maior chance de a mulher ser atendida durante o parto por uma parteira já conhecida, maior sensação de manter o controle durante o trabalho de parto, maior chance de ter um parto vaginal espontâneo e de iniciar o aleitamento materno. A revisão conclui que se deveria oferecer à maioria das mulheres (gestantes de baixo-risco) a opção de ter gravidez e parto assistidos por parteiras”.


Para completar, a Organização Mundial de Saúde deixa claro em seu guia Prático: Maternidade Segura – Assistência ao Parto Normal, de 1996, que “pode-se afirmar com segurança que uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura e no nível mais periférico onde a assistência for viável e segura. No caso de uma gestante de baixo risco, este local pode ser a sua casa, um centro de parto de pequeno porte ou talvez a maternidade de um hospital de maior porte".


Por fim, tentar usar de uma falsa simetria quando diz que não utilizar os recursos médicos é considerar que morrer no parto é um evento de seleção natural. É que todos somos gratos à cirurgia cesariana, onde mães e bebês que provavelmente morreriam, são salvos. Por favor, não se apropriem de conhecimentos de biologia que vocês não detêm (pra retribuir o carteiraço que os médicos sempre dão, dizendo que assunto parto só pode ser tratado por profissionais médicos), porque os mesmos bebês com iatrogenias relacionadas à prematuridade, causadas por médicos que operam fora dos sinais de que estão prontos, também não morrem por conta da tecnologia, ou seja, vocês salvam os bebês que deveriam morrer, pois saíram do útero cedo demais!


Intervenções médicas, quando bem prescritas, são maravilhosas e não são violências. Não nos julguem idiotas por sermos leigas. A manobra de Kristeller já foi proibida em diversos lugares, não é recomendada pelo Ministério da Saúde, e a episiotomia de rotina não é mais recomendada, sendo um absurdo as justificativas utilizadas: episiotomia justificada por aprendizado durante a formação acadêmica (25,9%), ser adotada rotineiramente (19,4%). Ou seja, mais da metade das mulheres tem seu períneo cortados para ensinarem a cortar o períneo alheio ou porque é cacoete? Dá pra assistir partos sem cortar, muitas vezes. Se você desconhece esses dados, atualize-se. Se você ainda faz por vício, volte a estudar, mas, novamente, não nos julgue incapazes de ler um artigo científico e entendê-lo.


(Alice Antonucci em trabalho de parto na casa de parto do Hospital Sofia Feldman, em BH, na companhia de seu marido, sua doula Simone Bibiano e do EO Walter de Jesus, um exemplo do SUS que dá certo!)


Para finalizar, as teses que preconizam o “retrocesso” ao parto natural, sem intervenções desnecessárias, não são modinha nem ideologias, mas baseadas em diversos estudos científicos, em metanálises e outras análises estatísticas, que asseguram que um parto vaginal bem assistido (natural ou humanizado) é o melhor modelo de atendimento ao nascimento, no que tange à saúde e ao bem estar físico e emocional de mulheres e bebês, além de serem uma quebra de paradigmas (ou de ego?), onde médicos e enfermeiros atuam no real obstare, aquele que está ao lado quando realmente se faz necessário, pois no mais, o melhor é sentar-se sobre suas mãos, como diria o emérito Dr. Jorge Kuhn.


Cris B. Machado, 38, é bióloga, doutora em ciências e consultora de amamentação. É também professora titular na Faculdade de Tecnologia FTEC-Brasil, mãe de dois filhos nascidos de parto normal e criadora da comunidade Plantão Materno,que consta com mais de 25 mil membros.

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Referências utilizadas neste texto, não em ordem de aparecimento, nem em ordem alfabética.

http://www.cartacapital.com.br/saude/epidemia-de-cesareas-influencia-na-mortalidade-materna-5619.html

http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/dar-a-luz-requer-complemento-sem-preposicao.jhtm

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/qualificacao_saude_sup/pdf/Atenc_saude2fase.pdf

Tavares, F.M. 2007. Reflexões acerca da iatrogenia e educação médica. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022007000200010

Victora et al. 2016. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. Lancet. Jan 30;387(10017):475-90. doi: 10.1016/S0140-6736(15)01024-7.

http://conitec.gov.br/images/Consultas/2016/Relatorio_Diretriz-PartoNormal_CP.pdf

http://www.usatoday.com/news/health/2009-09-03-midwife-home-birth_N.htm

http://www.cochrane.org/reviews/en/ab004667.html.

Junqueira & Miquilini, 2005. Freqüência e critérios para indicar a episiotomia. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n3/06.pdf

http://noticias.pgr.mpf.mp.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_direitos-do-cidadao/16-12-14-apos-recomendacao-do-mpf-sp-hospital-estadual-reconhece-que-pressionar-a-barriga-da-mulher-com-forca-para-agilizar-o-parto-configura-ato-de-violencia-obstetrica

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