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Não foque somente no peso. Amamentar é mais que engordar um bebê!

Quando seu bebê nasceu, você recebeu uma carteirinha de vacinação com a cartilha do manual de nutrição, certo?

Quantas vezes o pediatra disse que seu bebê estava abaixo da curva, com pouco peso ou qualquer outra coisa que te deixou insegura? Mesmo você observando que seu filho cresce, urina, defeca, atinge os parâmetros de desenvolvimento neuromotor, a medicina ainda insiste em “qualificar” bebês por seu ganho de peso. Jack Newman, um pediatra canadense que recentemente palestrou no Brasil afirma que mais do que nos importarmos com o peso, devemos observar as curvas de crescimento e de perímetro cefálico e os marcos motores do bebê.

Pois bem, lá no final da carteirinha, aparecem os gráficos de curva de crescimento. É sobre eles que quero falar, e vou fazer através de itens, para facilitar a leitura.

1) Aquelas curvas são elaboradas pensando em bebês saudáveis de mesma idade. Nossa carteirinha já usa as curvas de crescimento criadas a partir de 2006 pela World Healt Organization (WHO), baseadas em bebês que que tem aleitamento materno exclusivo, o que acontece é que recentemente o MS passou a usar a curva em z-scores, uma nova metodologia estatística que precisa de "correção" quando pensamos em percentis.

Assim, cada valor de escore-z apresenta um valor de percentil correspondente e por isso pode-se converter um valor de escore-z em percentil ou um valor de percentil em escore-z, utilizando-se as fórmulas apropriadas. Assumem-se as equivalências entre percentis e escores-z conforme apresentado no quadro a seguir. O Ministério da Saúde já adotou o uso do sistema percentil, contudo atualmente já incorporou-se na Caderneta da Saúde da Criança a classificação do escore-z nos gráficos de avaliação do crescimento infantil.

Assim, a conversão ideal seria a seguinte:

(baseado nas infos do Portal da Saúde do SUS)

2) já é sabido que bebês que mamam somente leite materno tem um ganho de peso diferenciado dos que mamam em aleitamento misto ou exclusivamente fórmula. Bebês que mamam peito ganham bastante peso do nascimento até os 3 meses, e depois esse ganho desacelera bastante (em torno de 600g a 1kg por mês nos primeiros 3 meses e depois passa a aproximadamente 300g por mês após o terceiro mês de vida);

3) Em torno do 3º. mês, a produção de leite ajusta, os seios param de vazar e o bebê passa a ganhar menos peso, tendo uma leve queda na curva. È nessas horas que mães se assustam e pediatras prescrevem complemento, por desconhecimento dos novos padrões sugeridos pela WHO;

4) essas cartas de crescimento, mesmo as propostas mais recentemente pelo WHO não são testes, elas apenas refletem análise ESTATÍSTICA das medidas para bebês saudáveis. Isso significa o quê? Por exemplo, um bebê cujo ganho de peso se encontre no percentil 50 significa que terá 50 bebês saudáveis mais pesados que ele e outros 50 bebês saudáveis menos pesados que ele. O mesmo vale para bebês “levinhos”, no percentil 10: 90 bebês saudáveis pesarão mais que ele e outros 10 bebês saudáveis pesarão menos que ele.

Enquanto você lê isso, olhe ao seu redor: as pessoas da sua idade pesam e medem o mesmo que você? Não né? Porque nossos bebês precisam atingir metas, quando são perfeitamente saudáveis? O que realmente deveria ser levado em consideração são as seguintes questões:

- Qual o tamanho dos pais do bebê? Genética tem um peso importante na determinação de peso e altura!

- O bebê ganha peso (ainda que “pouco”) constantemente? Sua curva se mantém a mesma, independente do percentil?

- O bebê atinge os marcos de desenvolvimento para sua idade?

- O bebê é alerta, feliz e ativo?

- O Bebê apresenta outros sinais de ingesta adequada de leite materno, tais como diurese e evacuações?

De forma geral, as novas cartas propostas baseiam-se em critérios descritos no documento encontrado em http://www.who.int/childgrowth/standards/Technical_report.pdf?ua=1 podemos ler os parâmetros necessários para o desenvolvimento das cartas: gestações de feto único, mães não fumantes e aleitamento exclusivamente materno até os 2 anos.

Abaixo você acessa as curvas de ganho de peso para bebês de 0-2 anos feitas com os dados exclusivos de aleitamento materno desenvolvidas pela WHO; notem como há diferença pras curvas de nossas carterinhas! No site http://www.cdc.gov/growthcharts/who_charts.htm vocês encontram as curvas de crescimento e de peso para crianças de 0-2 anos e para maiores de 2 anos.

curva de ganho de peso meninas de 0-2 anos

curva de ganho de peso meninos 0-2 anos

Assim, o que fica claro é que bebês amamentados exclusivamente no seio ganham mais peso até o 3º. mês e depois há um ajuste na curva e que dos 6 aos 12 meses o ganho de peso de bebês amamentados somente com LM (além de alimentação complementar, é claro) é menor do que o ganho de peso dos bebês que tomam fórmula. Ganhar menos peso com leite materno parece ser uma estratégia evolutiva para preservar da obesidade futura, assim, aquele modelo de bebê cheio de dobras não é mais um modelo de bebê saudável, salvo quando são feitas de puro leite materno! Portanto, foque mais no crescimento geral do seu filho, se ele é saudável, feliz... Os bebês que mamam peito exclusivamente costumam dobrar de peso até o 6º. mês e triplicar até o primeiro ano. Não se neurotize tanto com o número de gramas engordado, foque no estado geral do seu filho e amamente feliz.

Veja como há uma diferença entre as curvas em percentis e z-score e leia quantas vezes for necessário: o próprio MS considera bebês do percentil 3 ao 97 dentro da faixa de NORMALIDADE, e os dois extremos precisam ser avaliados individualmente. Estar abaixo do percentil 50, ou do escore 0 NÃO SIGNIFICA BAIXO PESO E NÃO É INDICAÇÃO ABSOLUTA DE LEITE ARTIFICIAL.

Acalma teu coração, busca outra opinião médica antes de dar LA e, acima de tudo, observa teu bebeio.

Com carinho,

Cris

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Referências:

Portal da Saúde SUS: http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_vigilancia_alimentar.php?conteudo=perguntas

American Academy of Pediatrics Section on Breastfeeding. Breastfeeding and the use of human milk. Pediatrics. 2012 Mar;129(3):e827-41. Epub 2012 Feb 27.

The WHO Child Growth Standards: Geneva, Switzerland, Published April 27, 2006.

CDC Growth Charts: United States, Published May 30, 2000.

WHO Working Group on Infant Growth. An Evaluation of Infant Growth: a summary of analyses performed in preparation for the WHO Expert Committee on Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. (WHO/NUT/94.8). Geneva: World Health Organization, 1994.

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