Me sinto péssima mãe!
"Me sinto péssima mãe".
Elas sempre começam dizendo que estão exaustas e se justificam, que não queriam ser mães ruins, que queriam ir até o desmame natural. Muitas choram, não importa se a criança tem 1 ano e pouco ou 3 anos e muito.
"Não aguento mais não dormir, mas não sei fazer ele dormir sem ser no peito. Eu sempre li que isso não era um problema, que era biologia pura, mas ninguém diz que não é todo mundo que aguenta acordar 2, 4, 8x à noite".
E eu fico pensando que merda que estamos fazendo com as mulheres, dizendo que o único caminho possível, bonito e correto da amamentação é o "aguentar por amor".
Por amor, uma mãe busca ajuda pro filho caminhar, falar ou comer melhor. Por amor, uma mãe busca ajuda pra desmamar de forma gradual e parar de sentir raiva, gritar, ficar furiosa à noite (se você sente isso, não se assuste, muitas mulheres sentem e é terrível ter essa perturbação na amamentação).
Dizem que é por amor ao filho que, a gente, de dia, tem que ser um arremedo de mãe. Uma mãe cansada, sem saco, em modo tarefa: dá banho, veste, troca fralda, dá comida e peito. Às vezes, um sorriso exausto. Mas brincar, montar castelos, se sujar de massinha? "Não dá, tô cansada demais pra brincar".
Quem nunca, nunquinha se sentiu assim tá bebendo a coca cola dos anos 1880, que tinha substâncias ilegais na formulação🤪.
Te dizem que o cansaço é menor se tiveres rede de apoio, e eu concordo. Mas se ela já era pouca em tempos de pandemia, agora é zero. Te dizem que é egoísmo o desmame parcial antes dos 2 anos, mas não te dão sugestões concretas do que fazer com o cansaço.
Induzem a achar que os desmames são deixar chorando, passar coisas no peito, quando na verdade são novas formas de comunicação com o bebê, que passam pela palavra, por novos rituais e, pasmem, por acreditar que seu filho é capaz de dormir bem e feliz sem mamar a noite toda, se sentindo seguro e amado também, mamando de dia com uma mãe que está feliz, descansada, satisfeita. Por acreditar que seu filho é mais do que apenas um mamífero, mas um sujeito capaz.
Não romantizemos a exaustão materna. Ela não é amor. Ela é culpa. E pra isso tem terapia. Com gente bacana, é claro!
Comments